Ficha Técnica
Título: A Trajetória de um Publicitário Comum
Autor: André Porto Alegre
ISBN: 978-85-8230-110-4
Páginas: 144
Ano: 2014
Editora: Matrix
Resenha
Oi, gente! Primeiramente quero anunciar que voltamos à ativa. E sei que vocês merecem saber o motivo do nosso sumiço, que basicamente é a faculdade. Final de semestre é sempre complicado, final de semestre que antecede o TCC é mais ainda. Estava tão atolada de coisas pra fazer que nem ler eu conseguia. Mas agora as férias chegaram e pretendemos colocar tudo em ordem.
Recebi o livro "A Trajetória de um Publicitário Comum" da Editora Matrix, que aliás deve ter pensado que demos um balão neles, mas peço desculpas novamente pela demora, a correria não permitiu que eu lesse o livro antes. Eu estava muito, mas muito ansiosa para lê-lo com calma porque esperava que fosse acrescentar muito para a minha profissão. Para quem não sabe, sou publicitária e foi isso que me fez solicitar esse livro.
Ele conta a história de André Porto Alegre, um publicitário muito renomado de São Paulo.
O livro inicia com um prefácio escrito por ninguém menos que Luiz Lara, presidente da Lew'Lara/TBWA, uma das maiores agências de publicidade de São Paulo. Em seguida, André Porto Alegre faz uma definição de publicitários, onde nos compara com "Contadores de Histórias" e a descrição dele me fez chorar, porque eu amo demais minha profissão e o André a descreveu da melhor maneira possível. Aqui vai um trechinho:
"Estudamos, e não é pouco, para, cada vez mais, contar melhores histórias. Mais verdadeiras, mais éticas, mais bonitas. Não temos preconceito quanto à forma. Contamos história na TV, no cinema, no rádio, nas revistas, nos jornais, nos outdoors, na internet, e hoje, cada vez mais, inventamos novos locais, milhares deles, para contar nossas histórias. Esse é um propósito. Onde houver alguém, descobriremos uma forma de contar histórias."
Ele comenta também sobre o ensino na área de Publicidade no Brasil. A partir desse ponto, a história se desenvolve no momento em que André entra para a faculdade Cásper Líbero, em São Paulo, no curso de Jornalismo. Ele é de Porto Alegre, está morando sozinho em SP e precisa correr atrás do seu primeiro estágio. Consegue entrar numa empresa pequena que vende anúncios de classificados e então começa a crescer muito rápido. Ele passa por renomadas empresas como Folha de São Paulo, Maurício de Sousa Produções, Y&R entre outras, isso com menos de 30 anos de idade. Ele atua na parte de consultoria, atendimento, enfim, trata diretamente com os clientes e é muito bom no que faz, inclusive percebi pelo livro que ele é ótimo com as palavras e sabe mostrar ao cliente aquilo que ele precisa. André também dá dicas de como se comportar em várias situações, cita como está o mercado publicitário e isso eu achei bem legal.
Mas, como boa publicitária, eu não poderia deixar de questionar o título. Acredito que o André não teve a oportunidade de conhecer o mercado do interior. É tudo muito, mas muito diferente. Eu não sei dizer se a realidade em São Paulo é essa para todos, mas não acho que alguém de classe média-alta, que estuda na Cásper Líbero, uma das faculdades mais caras de comunicação do país e que começou a trabalhar porque queria, seja comum. Aqui, o buraco é bem mais embaixo. E, pelo que sei, São Paulo também não é tudo isso. Conheço várias pessoas que saíram do interior para trabalhar lá achando que iria mudar de vida e voltou para casa decepcionado.
Em uma determinada parte do livro, há um capítulo com o título "Estudar é preciso, trabalhar não é preciso" e depois explica que os alunos devem correr atrás de palestras, workshops e coisa e tal. Acontece que a realidade aqui é outra, se você não trabalhar em qualquer área que seja para pagar a faculdade, tem que trancar. E quando se forma, entra na área para ganhar R$1000 por mês sem chance de crescimento. Sempre pergunto para os meus amigos publicitários: "Vocês já viram alguém com mais de 35 anos que trabalhe em agência e não seja o dono?" e a resposta é sempre o mesmo "não" desanimador. O mercado do interior está saturado de pequenas agências e é difícil ver alguma com mais de 15 funcionários. Ou seja: ou você vira dono ou muda de área. Mas, mesmo com tudo isso, eu amo publicidade.
Enfim, creio que esse livro não vá funcionar muito bem para quem é do interior porque terão os mesmos questionamentos que eu, não nego de forma alguma que o André seja um ótimo profissional, sem dúvidas ele é sensacional e conseguiu sozinho chegar onde chegou. Mas, na minha opinião, talvez ele não seja tão comum assim. Na verdade, ele foi uma exceção à regra.